Esmeralda Vailati Negrão
Aspectos da sintaxe do português brasileiro: a emergência de uma língua colonial
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Esmeralda Vailati Negrão
Esmeralda Vailati Negrão
Bacharel em Letras com habilitação em Português, Latim e Lingüística pela Universidade de São Paulo (1975) e Licenciada em Letras (Português) também pela Universidade de São Paulo (1974). Doutora em Lingüística pela University of Wisconsin – Madison (1986), Estados Unidos. Fez Pós-Doutorado na University of California-Los Angeles, Estados Unidos (1995-1997). Atualmente é Professora Titular do Departamento de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Teoria e Análise Lingüística, com pesquisas focadas na Interface Sintaxe Semântica, voltadas principalmente para os seguintes temas: teoria gramatical, teoria gerativa, sintaxe do português, anáfora, sintaxe da quantificação e Forma Lógica. Mais recentemente vem se dedicando ao estudo do impacto que o contato com as línguas africanas e com as línguas indígenas teve sobre a sintaxe do português brasileiro.
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Esmeralda Vailati Negrão
Aspectos da sintaxe do português brasileiro: a emergência de uma língua colonial
Nesta conferência apresentarei aspectos da sintaxe do português brasileiro, mais especificamente fenômenos envolvendo a estrutura sentencial e a categoria da voz verbal, que podem dar suporte à hipótese de que essa língua emergiu como uma variedade colonial resultante de um processo de intenso contato multilinguístico no Brasil colônia. Adotando como referencial teórico a perspectiva uniformitarista defendida por Mufwene (2008), DeGraff (2003, 2004) e Aboh (2015), segundo a qual os processos explicativos da emergência das línguas crioulas não são distintos dos processos que explicam a evolução e a mudança de todas as línguas naturais, a linha de investigação que venho desenvolvendo busca testar a hipótese de que traços sintáticos que distinguem o português brasileiro do português europeu e de outras línguas românicas resultaram de um processo de competição e seleção a partir de um banco de traços linguísticos. Esse banco é integrado por traços advindos de diferentes línguas que estiveram em contato no Brasil colonial: variedades do português e, muito certamente de outras línguas europeias; línguas africanas trazidas para o Brasil nesse período, com alguma certeza do grupo bantu e do grupo kwa; e línguas indígenas brasileiras, como o tupi antigo e o guarani. Evidências da história dos contatos linguísticos no Brasil colônia suportam a ideia de que as línguas europeias, africanas e indígenas mencionadas participavam dessa ecologia multilíngue.