Estudos em Fonética no Brasil
Um panorama histórico
Participants
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Olga Ferreira Coelho Sansone
Olga Ferreira Coelho Sansone
Olga Coelho é doutora em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo e realizou estágio de pós-doutorado na Tokyo University of Foreign Studies. Editou a Revista do GEL (2008-2012), coordenou o GT Historiografia da Linguística Brasileira da ANPoLL (2008-2012), foi membro da Diretoria do GEL (2012-2013) e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Linguística da USP (2012-2014). É professora do Departamento de Linguística da USP, onde coordena o CEDOCH (Centro de Documentação em Historiografia Linguística) e desenvolve projetos de pesquisa sobre os seguintes temas: processos de institucionalização da área de Letras e Lingüística no Brasil; metalinguagem na tradição gramatical ibero-americana; história da gramática; história do tratamento do léxico; métodos de descrição das línguas do Brasil, história linguística transatlântica. É mãe de uma menina de 5 anos.
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Eleonora Cavalcante Albano
Eleonora Cavalcante Albano
Eleonora Cavalcante Albano é professora do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, onde fundou, em 1991, e dirigiu, até 2008, o Laboratório de Fonética e Psicolinguística. Completou o bacharelado em Psicologia em 1972 e o curso de formação de psicólogos em 1973, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1975, completou o mestrado em Linguística na mesma universidade, e, em 1981 [1980], o doutorado na mesma área na Brown University, EUA. Na Unicamp, obteve os títulos de livre-docente em Psicolinguística e titular em Fonética e Fonologia, em 1986 e 1999, respectivamente. Foi visitante residente do Department of Linguistics and Speech Analysis da Bell Telephone Laboratories, Murray Hill, Nova Jersey, EUA, entre 1978 e 1980. Fez pós-doutorado em Epistemologia Comparada no Collège de France, Paris, França, em 1989-1990. Trabalha na fronteira entre a Linguística, a Filosofia da Linguagem e as Ciências Cognitivas, com foco em Fonética-Fonologia. Coordenou projetos temáticos e interinstitucionais financiados pelo CNPq e pela FAPESP. Em parceria com a FEEC-UNICAMP, liderou a equipe que construiu o primeiro conversor texto-fala concatenativo do Brasil, sistema de última geração para os anos 1990. Foi editora-chefe dos Cadernos de Estudos Linguísticos de 1993 a 2004, e membro da Comissão Qualis da CAPES de 2007 a 2008. Participa de conselhos editoriais de periódicos nacionais e internacionais, e de conselhos científicos de congressos nacionais e internacionais. Introduziu a fonologia de laboratório no Brasil nos anos 1980-1990. Atua na Association for Laboratory Phonology desde a sua fundação, tendo servido nos seus comitês executivo e de eventos de 2010 a 2016. Nos últimos 30 anos, tem contribuído ativamente para a busca internacional de um quadro de referência teórico capaz de superar a cisão entre a Fonética e a Fonologia, meta do seu grupo de pesquisa, Dinâmica Fônica, desde 1991.
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João Antônio de Moraes
João Antônio de Moraes
João Antônio de Moraes possui graduação em Letras pela Universidade do Estado da Guanabara (1975), graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1976), mestrado em Dialectologie – Universite de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1979), doutorado em Phonétique Instrumentale et Fonctionnelle – Universite de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1984) e pós-doutorado no Phonology Laboratory, University of California at Berkeley (1995-1997). É Professor Titular do Departamento de Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro do corpo editorial das seguintes revistas: Delta, Revista de Estudos da Linguagem, Letras & Letras e Journal of Speech Sciences. Tem desenvolvido pesquisas na área de Linguística do Português, com ênfase em Fonética Acústica, especialmente nas subáreas: entoação, prosódia, nasalidade, fonologia experimental.
Mediator
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Marcus Vinícius M. Martins
Marcus Vinícius M. Martins
Doutor em Filologia e Língua Portuguesa (2017), Mestre em Filologia e Língua Portuguesa (2013) e Bacharel em Linguística/Língua Portuguesa (2010) pela Universidade de São Paulo, onde também cursou Matemática Aplicada e Computacional (não concluído). Desenvolve pesquisas na área de Fonética e Fonologia, especificamente sobre percepção e produção de prosódia e tem atuado em projetos que envolvem o processamento automático da entoação e da fala, a modelagem da percepção da prosódia e a análise acústica da fala emotiva e patológica. Em seu projeto atual desenvolve um protocolo para a análise da prosódia da fala de pacientes com esquizofrenia. É membro colaborador do Grupo ExProsodia (USP) e do Laboratório de Fala e Linguagem – LAFALIN (USP).
Abstract →
Estudos em Fonética no Brasil
Um panorama histórico
A Mesa Redonda intitulada “Estudos em fonética no Brasil: um panorama histórico”, composta pelos professores Olga Ferreira Coelho Sansone (USP), Eleonora Cavalcante Albano (UNICAMP) e João Antônio de Moraes (UFRJ), apresenta um panorama dos estudos em fonética realizados no Brasil a partir da década de 70 até os dias atuais. A fala de Olga Coelho ilustra processos que, no Brasil, constroem as relações da Fonética com a Fonologia, com outras disciplinas e com as técnicas e tecnologias “científicas”. Parece que a natureza híbrida dos estudos fonéticos indicia, mais uma vez na história, conquistas e dilemas da Linguística no Brasil. Já Eleonora Albano abordará a situação, favorável, encontrada na Unicamp em 1983. Lá havia um espectrógrafo analógico de qualidade, graças a Luiz Carlos Cagliari. Nele se fizeram alguns trabalhos importantes. Mas, com o advento de equipamento digital, foi necessário um recomeço. Os docentes tiveram que enfrentar muitas frustrações até 1991, quando obtiveram novos equipamentos, dentre os quais um espectrógrafo dedicado. Depois, a necessidade de usar softwares comerciais exigiu muitos pedidos de verba ao CNPq e à Fapesp. Finalmente, veio a era do Praat e de outros softwares gratuitos. A narrativa dessas condições de trabalho será entremeada com outra: a da trajetória pessoal da professora Eleonora, que inclui a formação de destacados nomes atuais da área. A marca dessa trajetória é a recusa à cisão entre Fonética e Fonologia. Por sua vez, João Moraes, após tecer alguns comentários sobre a interface fonética/fonologia, apresentará algumas pesquisas na área da prosódia do português brasileiro que vem desenvolvendo na UFRJ. Nesses trabalhos, que abordam diferentes aspectos da prosódia, tem sido enfatizado, de maneira pioneira, o caráter multimodal da fala e a importância de se levar em conta não apenas os objetos sonoros propriamente ditos, mas também aspectos visuais que participam da comunicação falada e que contribuem para sua percepção.