Hanna Batoréo
Aquisição da Linguagem e a Linguística Cognitiva: que competências para o falante não-nativo?
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Hanna Batoréo
Hanna Batoréo
Hanna Batoréo é Professora Associada com Agregação do Departamento de Humanidades da Universidade Aberta, em Lisboa, e coordenadora do Grupo de Cognição, Linguagem e Comunicação Multimodal (GLCM) no Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL). É doutorada pela Universidade de Lisboa (1997) em Linguística/ Psicolinguística com a tese “Expressão do Espaço em Português Europeu” (2000, FCT/ Fundação Calouste Gulbenkian). É Professora Agregada na Universidade Aberta (2006) na área de Estudos Portugueses: Linguística Portuguesa, no ano em que foi galardoada com o “Grande Prémio Internacional de Linguística Lindley Cintra 2005″ pelo livro “Linguística Portuguesa: Abordagem Cognitiva” (2004)
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Hanna Batoréo
Aquisição da Linguagem e a Linguística Cognitiva: que competências para o falante não-nativo?
Em Psicolinguística, e, em especial, na área da Aquisição da Linguagem, os estudos sobre os processos de aquisição e de aprendizagem de uma dada língua pelos falantes não-nativos têm focado as competências linguísticas de carácter estrutural (isto é, competências sintáctica, morfológica, fonológica ou lexical).
No presente estudo, pretendemos, no entanto, focar a área a partir do enquadramento da Linguística Cognitiva, a fim de discutir a noção de competência metafórica, no contexto específico da aquisição e da aprendizagem do Português como Língua Não-Materna (PLNM). Em primeiro lugar, defenderemos, aqui, que quem aprende uma língua nova deve fazê-lo de um modo conceptualmente adequado, adquirindo consciência metafórica, se o objectivo é comunicar com os outros por meio da linguagem figurada, tal como o fazem os falantes natiuvos, conforme demonstrado pelos estudos desenvolvidos no âmbito da Linguística Cognitiva. Defenderemos, também, que a investigação na área não se pode limitar ao estudo restrito da Linguagem, abrangendo, antes, a interacção entre as componentes do trinómio Cognição – Linguagem – Cultura. Esta interacção implica incorporação (embodiment), ou seja a conceptualização do mundo que é feita através do nosso corpo, assim como através das experiências corporais e actividades efectuadas pelo Homem, mediadas pela cultura em que esta experiência se enquadra (incorporação física e cultural). Como as culturas diferem entre si, as emoções ou os valores em culturas diferentes podem ser conceptualizados por meio das partes do corpo distintas, a fim de veicularem emoções ou valores análogos. Adquirir conhecimento do modo como este processo se desenvolve num idioma diferente da língua materna obriga o falante não-nativo a reestruturar-se conceptualmente e garante um processo mais motivado, tendo como objectivo comunicar e expressar-se figuradamente na língua não-materna.