Irene Machado
Tradução intersemiótica segundo Iúri Lotman: dualidade, alteridade e intraduzibilidade
Speaker
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Irene Machado
Irene Machado
Livre Docente em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2011). Doutora em Letras pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da FFLCH-USP (1993), Bacharel em Letras, FFLCH-USP (1977). Realizou seu Mestrado no PEPG em Comunicação e Semiótica na PUC-SP (1985). Atualmente, é Professora Associada da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e Presidente da Comissão de Pesquisa da ECA-USP (2018-atual). Atuou na Coordenação do PPG Meios e Processos Audiovisuais (2017-2019), Como Pesquisadora do CNPq (PQ-1C a partir de 2021) iniciou uma nova pesquisa no campo da Semiótica da Cultura com o projeto “Tradução Intercultural: Imprevisibilidades do Cinema Negro” (2021-2024). Desenvolveu trabalho de Editoria Científica das revistas “Significação. Revista de Cultura Audiovisual” (PPG Meios e Processos Audiovisuais, USP de 2012 a 2020). É líder do Grupo de Pesquisa Semiótica da Comunicação. Coordenou o GT Comunicação e Cultura da COMPÓS (2013). Foi professora do PPGCOM-USP de 2007 a 2012; do PEPG em Comunicação e Semiótica da PUC-SP de 1998 a 2005. Criou o Projeto Editorial de “Galáxia: Revista Transdiciplinar de Comunicação, Semiótica, Cultura” e foi Editora Científica dos sete primeiros números (2001-2004). Participou do projeto de criação de MATRIZes. Revista do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da USP (www.usp.br/matrizes), onde exerceu a atividade de Editora Científica dos três primeiros números (2007-2009). Integrou a Comissão Editorial da Revista E-Compós (2013-2016). Fundou a Associação de Estudos Semióticos (ABES) em 2001, sendo sua presidente até 2003. Publicou, dentre outros, Vieses da comunicação: Explorações segundo McLuhan (2014); O filme que Saussure não viu: pensamento semiótico de Roman Jakobson (2007); Escola de Semiótica: a experiência de Tartu-Moscou sobre os sistemas da cultura (2004).
Mediator
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Alexandre Marcelo Bueno
Alexandre Marcelo Bueno
Alexandre Marcelo Bueno é linguista e semioticista, professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Fez graduação, mestrado e doutorado na FFLCH-USP, com estágio de doutorado-sanduíche na Université Paris 8. Fez estágio de pós-doutorado no Centro de Pesquisa Sociossemiótica (CPS) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) com bolsa FAPESP. Seus interesses de pesquisa, amarrados pela semiótica discursiva, são: lusofonia, imigração, intolerância e preconceito linguísticos, discurso da cidade e discurso político.
Abstract →
Irene Machado
Tradução intersemiótica segundo Iúri Lotman: dualidade, alteridade e intraduzibilidade
A conferência parte das indagações de Lotman que estabeleceram as bases de seu pensamento semiótico e podem ser articuladas em duas perguntas: Como culturas radicalmente distintas conversam? Como códigos culturais diversos interagem? Para acompanhar o percurso analítico das questões, toma-se o processo de tradução como princípio fundamental da interação humana com o entorno e da comunicação social na história da cultura. Espera-se alcançar o estudo da tradução intersemiótica segundo a dinâmica dos códigos culturais e dos textos de cultura, avançando o que fora formulado por Roman Jakobson. Considera-se ainda que, se suas investigações se voltaram para os processos de tradução abarcando as transformações entre diferentes textos culturais, Lotman se deparou com a irredutibilidade monológica quando se trata de reconhecer a interação entre o que é considerado “próprio” e o que é “alheio”. Diante da falta de convergência entre relações interativas, observou que cresce o conflito denunciado pela falta de univocidade entre códigos. Situa aí o confronto entre EU e OUTRO, que marcou o conflito civilizacional não apenas entre oriente e ocidente mas também entre o que faz parte da história e o que dela se mantém apartado, comprometendo as relações dialógicas inter- e transculturais. Tradução inversa se impõe, assim, como processo de ruptura com a prevalência do código comum em nome da preservação da complexidade dialógica. A dinâmica dos textos da cultura é examinada : (i) a impossibilidade das interações culturais serem pensadas fora do dualismo que envolve as linguagens culturais que distinguem entre as linguagens discretas e as icônicas; os códigos de emissão e os de recepção; (ii) as relações de alteridade; (iii) as zonas de atrito e de intraduzibilidade que se apresentam como a grande força a promover a dinâmica das relações culturais e interculturais em sua luta para superar a “entropia” para, assim, produzir informação nova sem a qual nenhuma cultura sobrevive.