Jairo Nunes
Concordamos nas aparências, mas não nos valores: sujeitos nulos em português brasileiro e português europeu
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Jairo Nunes
Concordamos nas aparências, mas não nos valores: sujeitos nulos em português brasileiro e português europeu
Nas últimas décadas a literatura em teoria sintática tem documentado um grande número de diferenças entre os sujeitos nulos (sujeitos foneticamente não realizados) do português brasileiro e do português europeu. Uma intuição que tem alimentado boa parte dessas pesquisas é que o português brasileiro deixou de ser uma língua de sujeito nulo canônica em função do enfraquecimento de sua concordância verbal. Esse enfraquecimento é claramente observado em sentenças de português brasileiro não- padrão em que pronomes como nós/vocês/eles podem estar associados à “concordância de terceira pessoa do singular”. O problema que essa abordagem enfrenta, no entanto, é que o português brasileiro padrão e o português europeu padrão são praticamente idênticos em relação à concordância verbal, mas diferem consideravelmente em relação à distribuição e interpretação de seus sujeitos nulos. Nesta apresentação, argumento que o problema desaparece se levarmos em conta não a concordância superficial entre sujeito e verbo refletida por morfemas específicos, mas a concordância abstrata entre os traços dos sujeitos e os traços da flexão verbal.