José R. Bessa Freire
Línguas indígenas, línguas ameaçadas
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José R. Bessa Freire
José R. Bessa Freire
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José R. Bessa Freire
Línguas indígenas, línguas ameaçadas
Estamos nos aproximando dos 60.000 mortos pelo coronavirus, entre eles centenas de falantes de línguas indígenas, muitos deles velhos e sábios. Se 500 Tuyuka morrerem, a língua tuyuka deixa de ser falada em território brasileiro. Se forem 1000, incluindo a outra metade que vive na Colômbia, a língua desaparece do planeta terra e nunca mais será falada e ouvida. A língua é o DNA da cultura – nos lembra Bruce Cole, professor de literatura comparada na Universidade de Indiana. Efetivamente, qualquer língua armazena informações que nos permitem desvendar o funcionamento de uma cultura e registrar os saberes nela produzidos, alguns singulares e &uacu te;nicos . Por isso, é necessário reconhecer as vidas das línguas, conhecer suas histórias e as diferentes políticas linguísticas que interferiram em seu destino. Para Bartomeu Meliá, “a história da América é também a história de suas línguas, que temos que lamentar quando morrem, que temos que visitar e cuidar quando enfermas, que podemos celebrar com alegres cantos de vida quando são faladas”. Desenharemos aqui um breve panorama histórico das línguas indígenas no Brasil para discutir quando e como a língua portuguesa se tornou hegemônica e como as glotopolíticas interferiram no processo de deslocamento linguístico nos últimos cinco séculos.