O presente trabalho relata uma trajetória de estudos sobre a mudança no Português Brasileiro (PB) no que diz respeito ao Parâmetro do Sujeito Nulo, tópico exaustivamente tratado, formal e empiricamente por Duarte ( 1995, 2019 e.o.),  por  Kato (1999 e 2000),  por Kato e Tarallo (1989; 2003), e  por Kato & Duarte  (2005; 2008; 2014; 2017, 2020)[1].

Seguindo inicialmente a noção de macro-parâmetro, Kato e Tarallo (1989) procuraram estudar a perda do sujeito nulo e da inversão românica como um fenômeno relacionado, sendo a perda parcial da inversão o resultado da visibilidade do sujeito e da invisibilidade dos clíticos de terceira pessoa no PB. Já em trabalho posterior, Kato (2000) demonstra que a inversão românica, ou inversão do predicado no PB é uma regra prosódica, seguindo a teoria de Zubizarreta (1998) e, portanto, independente da perda parcial do sujeito nulo.

Pilati (2006) propõe, por outro lado, que a inversão românica vem sendo favorecida quando algum elemento dêitico/locativo ocupa a posição pré-verbal. Em Kato e Duarte (2020) propomos que o elemento locativo pre-verbal na inversão românica, bem como outros elementos, podem cumprir uma demanda prosódica para evitar a ordem V1.

Estudando o PB como Língua de Sujeito Nulo Parcial (Holmberg (2010) e Holmberg & Sheehan (2010), definem esse tipo de língua como tendo sujeitos nulos referenciais opcionais. Mas, ao contrário desses autores, a proposta de Kato e Duarte para o PB é que a ocorrência parcial do sujeito pronominal no PB pode ter a ver  com uma demanda prosódica parcial, de rejeição a um padrão prosódico sentencial V1 no PB, demanda essa não existente no século XIX. Ressaltamos, porém, que essa restrição a V1 nem sempre é obedecida como é o caso quando a posição de Foco no início da sentença é preenchida por um verbo, caso das respostas a perguntas sim/não.

[1]Outros autores também investiram no mesmo tópico, entre eles Figueiredo ( 1996), Modesto ( 2000 ),  Berlinck (2000) ,  de Oliveira (2000).