Norma Discini
A literatura e outros discursos: o conceito semiótico de estilo
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Norma Discini
Norma Discini
Norma Discini é licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Botucatu, em 1968. Tem mestrado em Semiótica e Linguística Geral, pela Universidade de São Paulo, em 1995. Tem doutorado em Semiótica e Linguística Geral, pela Universidade de São Paulo, em 2002. Fez livre-docência em Teoria e Análise do Texto, na Universidade de São Paulo, em 2013. Fez pós-doutorado na Universidade Paris 8, Vincennes Saint Denis, França, 2014. Atualmente é professora associada do Departamento de Linguística, da Universidade de São Paulo, onde desenvolve atividades como professora permanente sênior, no Programa de Pós-Graduação. Tem experiência na área de Semiótica e Linguística Geral, com temas que priorizam o estilo vinculado à enunciação. Juntamente com artigos e capítulos, publicou os livros: “Intertextualidade e Conto Maravilhoso”, pela Humanitas; “A Comunicação nos Textos”; “O estilo nos textos”; “Corpo e Estilo”, todos pela Contexto. Foi autora de livros didáticos de Língua Portuguesa para a Educação Básica, pela Editora do Brasil.
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Norma Discini
A literatura e outros discursos: o conceito semiótico de estilo
Roman Jakobson (1970) entende como flagrantes anacronismos tanto um literato indiferente aos problemas e métodos da Linguística, como um linguista que prefere ignorar a função poética da linguagem. Movidos por esse princípio, e sob os parâmetros da Semiótica – seja nos seus fundamentos discursivos (GREIMAS; COURTÉS, 2008), seja nos seus desdobramentos tensivos (ZILBERBERG, 2011) – contemplaremos o estilo emergente dos discursos literário e midiático, entre outros. Do ponto de vista da produção do discurso, o enunciador se apresentará como um ator da enunciação, o que corresponde ao efeito de identidade construído por determinada totalidade discursiva. Um modo recorrente de dizer, que constrói um modo próprio de ser, constrói a imagem do “orador” em função compatível àquela prevista pelo éthos retórico (Aristóteles, 1991). Os mecanismos de construção do sentido que compõem o corpo enunciativo indicarão o privilégio conferido ora a uma perspectiva ora a outra, no interior da estrutura actorial. De um lado está uma inclinação em imprimir o acento de sentido nas dicotomias axiológicas, cravadas na relação de descontinuidade entre os valores do Bem e do Mal e constituintes da ideologia discursiva. Daí desponta o sujeito ativo por excelência no desempenho de uma performance judicativa, e realizado na “arte de persuadir”. Do outro lado está o sujeito paciente (GREIMAS, 2014) que, transposto a um espaço tensivo, se apresenta à mercê do que sobrevém a ele na ordem do extraordinário. Seja como o advento de uma estesia recrudescida no objeto estético, seja como a irrupção do inesperado na constituição da semiose, o acontecimento extraordinário encaminhará o corpo sensível na constituição do estilo. A depender do estrato de totalidade considerado – mídia e literatura, por exemplo – o domínio de uma perspectiva sobre a outra, entre aquelas acima destacadas, trará à luz determinado estilo.