Nos anos 70, a Análise do Discurso de perspectiva materialista no Brasil, em sua filiação francesa, desenvolveu-se numa conjuntura em que o formalismo era dominante nas Ciências da Linguagem. A partir de Althusser, Pêcheux (1971) avança seus estudos ao propor que a relação entre ideologia e discurso instaure o materialismo histórico como ponto de fuga do subjetivismo centrado no indivíduo e do formalismo, que tem a língua como objeto, fechada dentro de um sistema. É a articulação ‘descrição-interpretação’ que assume a língua(gem) – suas materialidades significantes – como parte da análise material, e a ideologia como prática em seu funcionamento (Orlandi, 2014). Esse avanço – ou esse desenvolvimento da construção de um quadro teórico-metodológico – culmina em dois novos objetos relacionados: o discurso e a ideologia. Assim, de modo específico no Brasil, o estudo do sujeito e do sentido (sujeito do inconsciente e da cadeia significante) ganha força ao buscar compreender o funcionamento dos processos discursivos no escopo da perspectiva materialista, vinculando a noção de ideologia a de interpretação. Desse modo, a proposta que se apresenta é desenvolver, entre os palestrantes e o público, reflexões sobre o modo como a tríade Linguagem, ideologia e inconsciente, na Análise do Discurso materialista, podem ser compreendida na construção de dispositivos de análise.