Francisco Eduardo Vieira
Gramática: História, Epistemologia e Ensino
Speaker
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Francisco Eduardo Vieira
Francisco Eduardo Vieira
Professor Adjunto do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística (DLPL) e do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PROLING) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Doutor em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Orienta pesquisas na graduação e na pós-graduação em Historiografia da Linguística e Linguística Aplicada. É líder do grupo de pesquisa HGEL – Historiografia, Gramática e Ensino de Línguas (espelho do grupo no Diretório do CNPq: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6433198070413694). É autor do livro “A gramática tradicional: história crítica” (2018), publicado pela Parábola Editorial. Pela mesma editora, em parceira com Carlos Alberto Faraco, organizou a obra “Gramáticas Brasileiras: com a palavra, os leitores” (2016) e escreveu os volumes 1 (Fundamentos) e 2 (Texto e Discurso) da coleção “Escrever na Universidade” (2019)
Abstract →
Francisco Eduardo Vieira
Gramática: História, Epistemologia e Ensino
Pretende-se, nesta conferência, sistematizar algumas questões sobre a história e a epistemologia da gramática tradicional, bem como sobre suas implicações no atual contexto pedagógico brasileiro. As reflexões estão ancoradas na Historiografia da Linguística, disciplina que visa fornecer narrativas descritivas e explicativas, cientificamente fundamentadas, acerca de como o conhecimento linguístico é adquirido e qual tem sido o curso do desenvolvimento desse conhecimento linguístico em um determinado contexto social e cultural através do tempo (Swiggers, 2009). Esse cenário programático favorece a compreensão crítica dos processos históricos envolvendo a língua, a gramática dessa língua e seu ensino, ajudando tanto a propor intervenções pedagógicas efetivas quanto a (re)formular algumas questões sobre ensino de gramática que ainda esperam por respostas satisfatórias, a exemplo de: como tomar o “texto” como ponto de partida para o ensino de categorias e conceitos historicamente constituídos para a análise da “oração” sem impor obstáculos à didatização coerente e à aprendizagem efetiva desse aparato descritivo? Nosso percurso reflexivo parte da hipótese de que a gramática tradicional é uma entidade teórica ao mesmo tempo reguladora (eixo da norma-padrão) e analítica (eixo da análise metalinguística), bem como fundamentalmente metafísica, no sentido de ser sustentada por um conjunto básico de cinco afirmações ontológicas e metodológicas, a que podemos chamar “diretrizes epistemológicas da tradição gramatical”. A abordagem historiográfica empreendida conduzirá os ouvintes ao diálogo com outra importante questão: por que a gramática tradicional se mantém firme nos espaços pedagógicos atuais, a despeito das críticas, em geral razoadas e pertinentes, que atacam duramente essas suas diretrizes epistemológicas há pelo menos meio século?