Jean-Michel Adam
Faire Texte: os níveis de análise linguística. Do interfrástico ao transfrástico
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Jean-Michel Adam
Faire Texte: os níveis de análise linguística. Do interfrástico ao transfrástico
Uma definição para o texto comporta grandes desafios, entre eles a extrema diversidade e heterogeneidade de textos possíveis. Como chegar a uma definição que abrigue, sob um mesmo teto, um tratado de anatomia humana, uma tragédia de Racine, um artigo jornalístico sobre esporte, um romance, uma tese de história e, além disso, as textualidades orais e digitais de toda espécie? A essa diversidade acrescenta-se ainda uma outra dificuldade: o conceito de texto é o objeto legítimo de disciplinas muito diferentes entre si, como a retórica, a hermenêutica, a estilística, a filologia, a textologia, a poética, a semiótica, as ciências da informação e da comunicação, a genética, a lógica e a filosofia.
No que diz respeito à linguística, para muitos que a mantiveram confinada ao limite da frase, não seria possível alcançar o texto. Ora, sabemos que a linguística precisa (e pode) ir além, superando esse hiato entre a frase e o texto. Por isso, apesar de todos esses obstáculos, aceitamos o desafio e propomos uma reflexão, em que traçamos os contornos de uma definição de texto. Para ser interpretada como um texto, ou mesmo como um fragmento que tem uma certa autonomia, uma sequência material de signos deve formar um todo ao qual pode ser atribuído um início e um fim. O fim pode ser significado pelo início de um outro texto, subtexto, cotexto ou outro fragmento. Contudo, sem cair na armadilha de uma definição de texto que se contentaria com essas evidências, trata-se aqui de compreender como uma série de enunciados nos leva a configurá-los como texto. Examinaremos a questão das fronteiras peritextuais e a completude de um todo textual e cada uma de suas partes. Retomando a etimologia do “tecido do texto”, delimitaremos a complexidade da textura microtextual infra e interfrástica/interperiódica, antes de definir as unidades transfrásticas/transperiódicas meso e macrotextuais. É preciso especificar como uma sequência de signos forma o tecido textual dentro dos limites do que seria o todo do texto, considerado, assim, no equilíbrio entre as retomadas e as progressões de sentido.