Magda Soares
Alfabetização e Letramento: teorias e práticas
Conferencista
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Magda Soares
Alfabetização e Letramento: teorias e práticas
Desde que a educação básica foi democratizada em meados dos anos 1950, a alfabetização tem sido uma questão controversa, polêmica, porque, ao longo das muitas décadas que separam o momento atual daquela já longínqua década dos anos 1950, temos insistentemente fracassado na alfabetização das crianças, como têm comprovado estatísticas e resultados de avaliações nacionais e estaduais. As controvérsias e polêmicas têm se restringido à questão do método de alfabetização, e cresceram com a inclusão, em meados dos anos 1980, de dois novos elementos: um pretenso “novo método”, denominado equivocadamente de construtivista, e o conceito de letramento, também equivocadamente considerado como uma “intromissão” nos métodos de alfabetização.
O que se pretende nesta exposição não é discutir as divergências sobre métodos de alfabetização e as críticas ao chamado construtivismo e ao letramento. Ao contrário, pretende-se argumentar que os embates se equivocam quando tomam como objeto o método, o como ensinar, quando a orientação da aprendizagem da língua escrita depende fundamentalmente da compreensão de como a criança aprende. Os seguintes argumentos orientam a exposição:
- O processo de alfabetização se fundamenta em um conjunto de teorias linguísticas e psicológicas, que constituem a base para a compreensão de como a criança aprende o sistema alfabético de escrita;
- Com base nessas teorias e sua articulação com as práticas de ensino em contextos escolares é que se pode definir como ensinar, o que implica métodos de alfabetização, no plural, não apenas um método;
- A aprendizagem do sistema de escrita deve ocorrer contemporaneamente ao desenvolvimento do letramento — da aprendizagem dos usos sociais desse sistema, ou seja, alfabetização e letramento são ações indissociáveis na aprendizagem da língua escrita;
- O processo de letramento se fundamenta em teorias da linguística textual e da teoria do discurso, que constituem a base para o desenvolvimento das habilidades de leitura, interpretação e produção de textos, necessárias para o exercício competente dos usos sociais da escrita.