Partindo do pressuposto de que o texto constitui objeto da linguística ou, ainda, uma unidade comunicativa global, como afirmam Rastier (2001) e Bronckart (1999), respectivamente, procurar-se-á, nesta conferência, mostrar de que forma tal concepção pode vir a ‘aproximar’ duas linhas de investigação. Por um lado, a que vem sendo desenvolvida nos trabalhos atuais sobre Linguística Textual no Brasil (Cavalcante et alii, 2019) e, por outro, a concebida no âmbito de uma Linguística dos Gêneros – (Rastier (2001), Bouquet (2004), Coutinho (2005), Pinto (2010)). Procurar-se-á, com isso, demonstrar que, nas duas linhas, qualquer texto, oral ou escrito, de natureza plurissemiótica ou multimodal, resulta de um processo de adoção e adaptação a um modelo de gênero, sendo coibido em sua materialidade por questões sócio-histórico-culturais. Dessa forma, qualquer texto implicará um sistema complexo, aberto e dinâmico, implicando a interação não apenas de elementos entre si, mas também de aspectos exteriores (Bernárdez, 1995).⠀

Em termos ilustrativos, serão apresentados alguns exemplares de texto, essencialmente de natureza persuasiva, que circulam em práticas sociais diversas em Portugal, tendo como instrumentos de descrição alguns elementos analíticos que vêm sendo trabalhados no âmbito dos grupos de pesquisa em que atua a pesquisadora.