Vera da Silva Sinha
A construção social de Tempo baseado em eventos
Conferencista
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Vera da Silva Sinha
Vera da Silva Sinha
Antropóloga, linguista e cientista social. Doutora em Linguística (University of East Anglia – Inglaterra); Mestre em Antropologia (Universidade Federal de Pernambuco – Brasil); Mestre em International Criminal Justice (University of Portstmouth – Inglaterra); Graduada em Letras-Português (Universidade Federal de Rondônia – Brasil). Busca entender como a mente humana é construída pela cultura e pela linguagem. Ao longo dos anos, tem trabalhado com diferentes comunidades indígenas no Brasil e a sua paixão é aprender sobre diferentes culturas, línguas e visões de mundo. O foco principal de seu trabalho de pesquisa recente tem sido a questão de conceitos de tempo na cultura. A esse repeito proferiu uma palestra no TedX, em 2019 (TEDx talk: What is Event-Based Time? https://youtu.be/EWCGeHhxBh0). Seus trabalhos foram também apresentados em 2019, na série de podcasts About Time, produzida pela empresa norueguesa de apps Timely [https://memory.ai/timely/abouttime]. É uma pesquisadora interdisciplinar, empregando diferentes métodos de antropologia, linguística e psicologia. Tem muitos anos de experiência em pesquisa etnográfica, mas também tem desenvolvido pesquisa experimental e análise estatística. Atualmente, coordena um projeto acerca da desinformação sobre a pandemia, cujo objetivo é construir ferramentas de comunicação para ajudar a minimizar o impacto da COVID-19 nas comunidades indígenas e, principalmente, criar formas de combater a infodemic que está circulando nas aldeias (https://gf.me/u/ykmqjg). Vera da Silva Sinha atua na área de pesquisa “linguagem, cultura e cognição” e também tem interesse em aplicar técnicas analíticas para grandes bancos de dados, explorar como podem ser combinadas a abordagens qualitativas para produzir novos insights sobre o comportamento e a cognição humanos. Através dos anos conseguiu combinar a carreira de pesquisadora com a carreira da justiça criminal, no Brasil e no Reino Unido. Tem vasta experiência de trabalho em diferentes contextos sociais e culturais, com diferentes tipos de grupos. Gosta de trabalhar com diversidades e liderar grupos, encontrar novos desafios e implementar soluções. Tem habilidade de comunicação e relacionamento interpessoal em inglês e em português. Atuou em diversos projetos, assumindo diferentes papeis. Já publicou até hoje 18 artigos e livros. É uma das editoras/organizadoras do livro Language, Culture and Identity – Signs of Life, publicado em 2020 pela John Benjamins. Atualmetnte é Editor Chefe do International Journal of Language and Culture (https://benjamins.com/catalog/ijolc). Já participou de vários eventos como convidada, organizou e ministrou vários workshops relacionados ao trabalho de campo, pesquisa de documentação e envolvimento de comunidades, bem como organizou diversas conferências. Participou de muitos eventos e publicações conjuntas com outros colaboradores e tem construído uma extensa network internacional de pesquisadores de destaque em linguagem, cognição e cultura. Possui larga experiência no ensino e supervisão de alunos do ensino superior e no ensino de cursos acadêmicos e profissionais. Tem ministrado palestras e conduzido seminários em módulos de graduação e mestrado relacionados a: Língua e Gênero; Língua, Cultura e Comunicação Interpessoal; Língua, Cultura e Pensamento; Comunicação Intercultural; Culturas em um Mundo Global; Documentação Linguística; Fortalecimento da Cultura e Documentação. Já lecionou Introdução à Investigação em Psicologia Forense, Metodologia Científica, Antropologia, Sociologia e Metodologia, Antropologia Médica e Direitos Humanos para Polícias. É comprometida com a excelência acadêmica e científica. Não teme nem evita desafios e está sempre motivada para aprender e compartilhar experiências com outras pessoas, com diferentes histórias e origens, amigos, colegas e família. Mais informações sobre as publicações de Vera da Silva Sinha podem ser encontradas https://giaqua.academia.edu/VeraDaSilvaSinha; https://www.researchgate.net/profile/Vera_Da_Silva_Sinha; https://www.linkedin.com/in/vera-da-silva-sinha-ba927917a/ e https://orcid.org/0000-0002-8856-2766
Resumo →
Vera da Silva Sinha
A construção social de Tempo baseado em eventos
Artefatos antigos, como o quipu (Inca), a Stonehenge (Inglaterra) e as pirâmides do Egito sempre geram teorias fascinantes sobre a evolução cultural de sistemas calendários e seu uso no conceito de tempo e a previsão de eventos astronômicos. Em concordância com muitos estudos antropológicos o qual tem demonstrados que a conceptualização de tempo baseado em calendário não é universal, em nossas recentes pesquisas, encontramos evidências convincentes de que o tempo métrico com base numérica (“tempo do calendário” e “tempo do relógio”) não é a única forma de se conceituar tempo. Em pesquisa realizada com Huni Kuĩ, Awetý, Kamaiurá e Amondawa, documentamos marcas temporais cujos intervalos são exclusivamente baseados em eventos e não em uma matriz numérica. O evento é algo que acontece ou ocorre no ambiente social ou na natureza. A principal característica do tempo baseado em eventos é o próprio evento, como, por exemplo, os estágios da vida, os intervalos do dia e da noite e os intervalos sazonais, como as épocas da chuva e da seca. A duração dos intervalos baseados em eventos não é medida numericamente e precisamente, como é realizado em tempo métrico (um mês, dois meses, vinte horas, etc.). Nesta palestra abordaremos com mais detalhes como se dá a lexicalização e a indexação de intervalos de tempo e marcas temporais nos estágios da vida, divisões do dia e da noite e intervalos sazonais. Além disso, demonstraremos: a) como o tempo baseado em eventos é indexicalizado pelo sol, pela lua e pelas estrelas; b) como números, mãos, dedos, nós em uma corda e marcas na madeira são utilizados como marcas temporais; c) como calendários híbridos representam intervalos de tempo baseados em eventos. Para tanto, levamos em consideração a pesquisa desenvolvida juntos aos povos e culturas citados, visto que o conceito de tempo com base em eventos configura a base de um mundo bem complexo e tradicional, que caracteriza muitos povos na Amazônia e no Xingu.