Resistências e transformações
Variedades linguísticas africanas e ameríndias no Brasil e na América do Sul
Participantes
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Ivana Stolze Lima
Ivana Stolze Lima
Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (2000). É pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa e bolsista de produtividade do CNPq. A interdisciplinaridade entre linguística e história está na base do trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua tese de doutorado. Fez estágio pós-doutoral no Programa de Estudos Africanos da Northwestern University (2010). Autora de Cores, marcas e falas. Sentidos de mestiçagem no Império do Brasil (Arquivo Nacional, 2003) e organizadora, com Laura do Carmo, das coletâneas História social da língua nacional (FCRB, 2008) e História social da língua nacional 2: diáspora africana (NAU/FAPERJ, 2014). Seu mais recente trabalho é a organização do livro Diáspora mina: africanos entre o Golfo do Benim e o Brasil. (Rio de Janeiro: Nau Editora, 2020).
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Margarida Petter
Margarida Petter
É professora livre-docente do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo, onde atua como professora sênior nas áreas de descrição de línguas africanas e contato de dessas línguas com o português no Brasil. Fez mestrado na Universidade de Abidjan, na Costa do Marfim, onde permaneceu por seis anos como leitora de português. Doutorou-se na Universidade de São Paulo. Coordenou o projeto de cooperação internacional “A participação das línguas africanas na constituição do português brasileiro”, de 2005 a 2008, de que resultou a publicação de duas obras de referência sobre o tema do contato do português com línguas africanas no Brasil. De maio de 2013 a abril de 2017 foi diretora do Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. É organizadora do livro Introdução à linguística africana, publicado em 2015.
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Marcia Santos Duarte de Oliveira
Marcia Santos Duarte de Oliveira
É professora doutora e pesquisadora da Universidade de São Paulo e pesquisadora do CNPq com bolsa de produtividade de pesquisa. Atua nos seguintes temas: linguística de contato, envolvendo, além dos estudos sobre as chamadas línguas crioulas, estudos sobre variedades de português faladas no Brasil e na África; investigação sobre o discurso tradicional na área do Libolo/Angola centrada na interação português-kimbundu-português. Coordena, em conjunto com o Prof. Dr. Carlos Figueiredo (Universidade de Macau), o projeto internacional denominado “Projeto Libolo”, centrado em pesquisas em Angola na área da municipalidade do Libolo (Província do Kwanza Sul).
Moderador(a)
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Silvana Silva de Farias Araújo
Silvana Silva de Farias Araújo
Silvana Silva de Farias Araújo é Professora Titular de Língua Portuguesa do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Santana (UEFS), atuando em cursos de Graduação e de Pós-Graduação. É doutora em Língua e Cultura e Conselheira da Associação de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste (GELNE) desde 2019. Coordenou o Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL/ UEFS), de 2016 a 2019, tendo presidido a comissão de implantação do curso de Doutorado em Estudos Linguísticos. Foi presidente da Associação Brasileira de Estudos do Contato Linguístico (ABECS), no biênio 2014-2016. Tem experiência na área de Sociolinguística, investigando principalmente os seguintes temas: formação do português do Brasil, contatos linguísticos, fenômenos morfossintáticos e variedades africanas do português. Suas pesquisas estão concentradas na busca de pistas para as origens do português brasileiro, a partir da documentação linguística em comunidades de fala e de prática, no Brasil e em Angola. Foi presidente da implantação do curso de especialização em Linguística e Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa, tendo coordenado o curso de 2014 a 2016 e o curso de especialização em Estudos Linguísticos, de 2008 a 2010, ambos na UEFS.
Resumo →
Resistências e transformações
Variedades linguísticas africanas e ameríndias no Brasil e na América do Sul
A colonização e a escravização fizeram com que quase 5 milhões de africanos, falantes de mais de 200 línguas africanas, desembarcassem no território que se constituiu como o Brasil. Em regiões da América do Sul e do Caribe, o tráfico de africanos foi também significativo. A literatura especializada aponta que, no século XVI, esse espaço era habitado por cerca de mil povos distintos com uma população de 2 a 5 milhões de pessoas. Diante de um quadro de predomínio de línguas ameríndias, e de presença cada vez mais significativa de línguas africanas, a difusão da língua portuguesa obedeceu a um ritmo lento, sendo modificado e implantando-se mais significativamente ao longo do século XVIII, e passando a ser a base de uma língua nacional consolidada pela centralização política e administrativa que marca o Brasil após a Independência. A história nos deixa os relatos das ameaças que sofreram todos esses povos, sejam os africanos sejam os ameríndios. A história e a linguística nos deixam também a prova da resistência desses grupos sócio-histórico-linguísticos por meio da interação e contato de línguas. Considerando essas questões, nesta mesa redonda, serão debatidos assuntos como as distintas formas de tratamento das línguas africanas e ameríndias pela construção de uma ordem escravista durante a colonização e a formação do Estado nacional, a resistência das línguas africanas no Brasil, a revisitação da temática sobre “línguas pidgins e crioulas” à luz de línguas da América do Sul, dentre outros assuntos.